As atualizações da vida são realmente muito velozes e fazem a gente pensar por ângulos até então não abordados...
Há poucos dias tive a oportunidade de ver que meu bebezinho já é um menininho (bastante sentimental, aliás). Somando a isso um sonho bastante perturbador que tive recentemente (no qual eu me via acordando de madrugada procurando pelo meu bebê e ele não estava na cama; quando fui procurá-lo, ele estava dormindo em um tapete na cozinha, e nós discutimos - sim, eu discuti com um recém-nascido falante - sobre ele não poder ficar deitado no frio, pois tinha que mamar e dormir em um local quentinho. A resposta dele ao meu pedido para que ele voltasse à cama foi: "eu não quero deitar com você porque eu não gosto de você!), tomei coragem de escrever uma carta para o meu melhor amigo: Vicente, meu Filho.
Oi,
Exatamente com essa mesma falta de palavras que eu me pego constantemente parada, sem saber como começar uma conversa com você, quando estamos sozinhos...
Eu gostaria de saber como é que você sente as coisas, já desse período. Eu sei que não é com a destreza que a gente pensa já grande, mas gostaria mesmo de saber o quê, de todos esses quase 300 dias aqui dentro de mim, pode ser que você se lembre um dia, quando sentir, ouvir ou tocar...
Sabe, durante muito tempo eu achei que não teria você por aqui. Foram tempos muito conturbados antes de você chegar... E eu gostaria, vou gostar, na verdade, de conversar um dia com você sobre tudo o que aconteceu... Mas, principalmente, sobre como foi maravilhoso poder optar pela sua presença, pela sua vinda, pela sua vida.
Eu não gostaria de te escrever o quanto você mudou na minha vida pra melhor, nem o quanto eu te esperei, nem como me sinto insegura de saber se eu vou ser suficiente pra você, pelo tempo que você estiver comigo... Eu gostaria mesmo que você sentisse isso. Que você soubesse disso, que visse, que fosse tangível pra você. Que você se sentisse seguro, e feliz.
Eu espero, do fundo do meu coração, falando um pouco à parte do sentimento de posse e infantilidade do qual as mamães geralmente são tomadas, que você saiba que eu estou aqui pra você, e por você. Que você aceite a minha amizade, cheia de defeitos, falhas e chateações, porque Amor como esse (agora eu entendo) não existe igual. E eu não me refiro ao meu por você apenas, como Protetora, mas também do meu por você, como a Frágil, que precisava da sua vinda, da sua companhia, de ver você crescer pra restituir a fé internamente, pra ter fôlego e ânimo de viver A Vida Linda que eu sempre achei que pudesse existir. Muito provavelmente eu preciso muito mais de você do que você de mim.
Ansiosa pra te conhecer, pra te ver e me reconhecer em você.
Me desculpe se eu não sei bem o que te dizer quando estamos a sós; é uma situação inédita pra mim não saber o que falar...
Resumindo, eu espero saber te fazer bem, espero saber te proteger, te ensinar, te ajudar, te entender... Algumas vezes eu vou falhar, com certeza; mas por favor, jamais se esqueça: será tentando ser a Melhor Amiga da sua vida.
Com todo o amor que eu espero que você sinta,
Clarissa (mamãe - com M minúsculo devido à minha insegurança que você já conhece).
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